Salve os quintais, quebre o cimento!
Eu me sujei nesse quintal , vi a graviola , a manga.
Eu vi o pé de café e a cana .
A amendoeira cresceu tanto que cobriu a casa.
Nós canteiros plantinhas de remédio e de comer.
De banhar e de benzer.
Quebra o cimento deixa a terra respirar!
Diz que barro é feio , terra é sujeira,
Bonito é cimento lisinho ,nada de bananeiras.
E os quintais vão ficando tudo branquinho
Não tem boldo não, tem que procurar!
Tem alecrim também não, vai no mercado pega.
Quebra o cimento, deixa a terra respirar!
Chá só saquinho , logo vem outro puxadinho.
É casa dentro de casa , a família cresceu.
Roubaram nossos quintais
A roça de preto velho morreu.
O progresso chegou, é atraso de vida.
Quebra o cimento, deixa a terra respirar!
Do morro verde mais nada tem.
Sem comida, sem futuro e água também
Tá quente demais, os barracos são de telha.
Quem é bem informado sabe que não é questão de boa estrela .
Mais ai então... O chão estralou ! Poeira subiu .
O cimento quebrou!
A vó mandou abrir , os netos chiaram
Que se dane , respeite a minha vontade
Agora é rosas , alecrim , pimenta, pezinho de couve, muita coisa que alimenta. .
Vó sabe o que é bom , quer matar a saudade
Relembrar a Infância quando brincou de felicidade.
#Esse poema é inspirado em vivências da autora
na sua infância