O concepto

Por entre os trópicos, no chão bruto,

exubera a vida no bosque denso.

Profusão de criaturas,

cuja terra lhes foi o ventre.

 

No bosque frutifica a árvore,

para que as sementes semeiem a vida.

E no tempo certo, a terra lhes dará abrigo.

E fará crescer o concepto.

 

Ah! A Terra e suas tetas tenras.

Alimenta a vida que da terra é o próprio fruto.

Por assim, o inseto alado voa circulando a luz.

Pois a lamparina imita o sol, o epicentro da vida.

 

O astro rei sem paga, emana luz,

para que a terra arquitete a existência.

Traduzindo do gene toda forma de vida.

Da qual a fruta na árvore também é fruto.

 

Disso sabe o inseto em seu giro translacional.

Assim como o sabem todos os seres existentes.

Há que, em época de núpcias, acasalar para que a vida perpetue.

E tal qual a terra abriga a semente, será a fruta o abrigo do inseto.

 

E que seja assim, do ovo posto ao artrópode alado, a metamorfose!

Da terra, a matéria bruta se transforma em vida.

O inseto é modelo dessa sina e é fruto da semente.

 

Semente posta, vem a larva, que oculta na fruta,

consome voraz a substância que a recolhe.

Ao fim do cabo, morta a larva, viverá o inseto.

Em seu corpo pronto, ávido por luz!

 

Por sob a casca fina, de quem lhe fez existir,

anseia o artrópode por seu parto.

Pois o ventre que lhe deu existência já não lhe cabe.

Lá fora, um novo ciclo lhe aguarda.

 

E surge o animal alado, pronto para o voo,

despido do oco escuro, segue guiado pela luz.

Em sua jornada, voa o inseto como toda a vida.

Para que ao cabo do seu tempo, seja semente novamente.