A noite no sertão

Todas as noites quando anoitece

meu coração se cala;

Vejo a solidão da noite cair mansamente com seu véu

sobre os seios da terra no sertão;

Ouço um concerto tocado pela passarada que gorjeia

soluços cruéis e desesperados pelas

florestas e riachos do sertão.

A lua com seu brilho ofuscante e prateado

mostra as dores do sertão em agonia;

O sereno cai mansamente sobre as

folhas secas caídas ao chão;

Ouço os murmúrios das cachoeiras que

se debatem ao longe pedindo por socorro;

O campo parece morto na sombra

do silêncio, pois não cultiva mais;

O ar não é mais o mesmo: puro

leve, solto e de perfume suave,

é agora uma esfera perdida no espaço.

Todas as noites são iguais, a tristeza

toma conta deste reino esquecido e

desprezado pela arrogância do homem;

A orquestra do silêncio toca mansamente

chorando a noite no sertão

As estrelas serenas se encontram

no fundo melancólico da esfera...

Minha alma fica presa em soluços e se debate a tantas tristezas

e agonias desta noite vazia

e me ponho a chorar.

Livro EU - Sidney da Silva Chaves - Alta Floresta-MT - 1999.