Dança das árvores
As folhagens das árvores ruborizaram,
deram espaços umas às outras:
num compasso desarmônico dançante
as vi na fresta da janela a loucura do vento.
O lume do quarto estava semicerrado,
era uma paz e um tormento igual,
enquanto troncos desalinhavam o topo
trovões com ódio açoitavam o céu.
O sono não havia me sonhar o corpo,
sentia-me lúdico na planície da cama,
pensei na poesia de galhos comuns,
e por isso, incapaz de desmatar raízes;
a linguagem não entende o fenômeno,
não posso descrever os movimentos,
mexe do horizonte ao leste, e a sombra
percorre o meu medo da chuva.