Dança das árvores

As folhagens das árvores ruborizaram,

deram espaços umas às outras:

num compasso desarmônico dançante

as vi na fresta da janela a loucura do vento.

O lume do quarto estava semicerrado,

era uma paz e um tormento igual,

enquanto troncos desalinhavam o topo

trovões com ódio açoitavam o céu.

O sono não havia me sonhar o corpo,

sentia-me lúdico na planície da cama,

pensei na poesia de galhos comuns,

e por isso, incapaz de desmatar raízes;

a linguagem não entende o fenômeno,

não posso descrever os movimentos,

mexe do horizonte ao leste, e a sombra

percorre o meu medo da chuva.

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 17/10/2023
Reeditado em 07/12/2024
Código do texto: T7910966
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