SINA DE CABOCLO
SINA DE CABOCLO
(Dux Pellegrino/Gerson Zequim 2018)
Prefiro ter um rancho descanteado
Um lugar reservado, não muito isolado
Melhor é viver num canto do paraíso
Falar com os olhos e responder num sorriso
Farejar tudo com as narinas da mente
Farinha, chá, pimenta, esterco e semente
Arrepiar com a brisa da chuva temporã
A precipitação que silencia o agouro acauã
Enquanto o vapor de água sobe e espalha
Quando ouve o som da goteira na palha
O caboclo sente firmeza de água na cisterna
Bem que essa terna chuva poderia ser eterna
Umedecendo a semente sepultada na terra
Que morrendo gera vida, e a vida não erra
Torrente que rega, inunda, abunda e forma
A seca paisagem em lavoura se transforma
O novo cenário aromatizado segue o cortejo
Vento, insetos, folhas, orvalho, flores e frutos
Onde outrora a estiagem judiava o sertanejo
A vila ora fantasma fica pasma de tanto matuto