Revestir-se

( Poesia Declamada - RAD008 ).

Folhas secas voam, pelo Vento,

Espalham-se da Planta, e, além:

Dizem adeus a quem deu alento.

Saudosa acena, adeus também.

Uma Planta, arcada, abatida,

Desfolhada sobra sem o Fruto.

Ainda em pé, envolto à ferida,

Caule seco qual o preto o luto.

A Chuva maldosa a esquece.

Derrama-se, porém, distante.

A Dor ainda mais engrandece,

Abate-lhe a Solidão andante,

O Sol lhe torra, aí agonia.

Perde uma haste, que cai.

Igual um fim na tarde fria,

Soando: desculpe não vai!

É Noite e o descanso preciso,

Velando-a, tão só, quase morta!

Entende que a Vida é Sorriso,

Devolve-lhe seu trono: a Horta!

Em Sonho, a desperta por Lei,

O Sereno, bem claro, lhe diz:

Levanta-te, enquanto está aí;

Dê frutos, porquanto és Raiz.

A Planta vibra, sem braços,

Embola o cansaço e levanta.

Revigora a Vida, nos traços,

Que apura a Terra, encanta!

Entreabre a Janela e respira,

Quem sabe, então, outra vez!

Do Sonho a mensagem mira!

Quem tenta, consegue, talvez!

E o Sol, já solidário, aparece...

Chuva vem bondosa do Leste.

A Planta, encantada, floresce.

E de novo, do verde se veste.

José Corrêa Martins Filho
Enviado por José Corrêa Martins Filho em 06/10/2023
Reeditado em 17/10/2023
Código do texto: T7902764
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