ventania

 

 

Voam os telhados dos casebres

Deixando nus os meninos adormecidos.

Caem árvores enormes,

Tombam, simplesmente: aceitam seus destinos.

Em desatino, gira a ventania,

Carrega consigo o que estiver no caminho:

Os vasos de barro arrumados sobre o muro,

As calhas e as telhas,

As folhas secas (e algumas verdes),

As roupas indefesas que secavam no varal,

Tão calmamente, hoje cedo...

As sementes que aguardavam serem plantadas,

As cortinas das casas.

 

E a natureza apenas faz o que é preciso,

Não julga, nem tem ressentimento;

Leva com o vento o que tem que ser levado.

De tudo o que é velho, nos destitui

Para que ela possa

Continuar.

 

 

 

 

 

 

 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 10/08/2023
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