SILENCIOSA DESESPERANÇA (rosa do deserto)

Abro os braços

como se fossem pétalas

de uma rosa solitária

sem jardim

rosa do deserto

selvagem

sedenta

e busco apanhar

em desespero

a brisa que não sopra

a chuva que não veio.

 

Ainda que não entendas o significado

das minhas não-palavras

entenderás o significado

do meu desespero silencioso

nos meus gestos medrosos

gestos de criança acuada.

 

Se não queres ouvir

as minhas não-palavras

não as direi

não preciso dizê-las

dançarão imagens refletidas

nos meus olhos tristes

e você as verá

imagens tristes e belas

sonhos em solitária solidão

não entendes...

 

Zildo Gallo

Americana, SP, 12 de Agosto de 1975 e 30 de outubro de 1975.

Revisão: Campinas, 07 de junho de 2017.