JACI, NAIÁ E A VITÓRIA RÉGIA
Na mitologia tupi, quem é Jaci?
Ah,
é a Lua, a filha irmã de Tupã,
deus do trovão! . . .
Além de cuidar das plantas,
ela parece fazer coisas enfeitiçantes,
como medianeira de amantes apaixonados.
Conforme cita a mitologia,
quando Jaci surgia cheia e brilhante,
transformava as jovens indígenas
em estrelas alienígenas e rutilantes.
Aí,
aconteceu de a indigenazinha Naiá,
de tanto acreditar nessa lenda,
numa noite em que Jaci brilhou,
desejar se metamorfosear.
Queria ser uma estrela
para todas as noites se espiar
nas águas plácidas do rio-mar.
Foi nessa noite que Naiá viu uma flor a flutuar
e atirou-se da barranceira do rio para salvá-la.
Só que, desse mergulho nunca mais voltou,
por não querer ou por não poder mais voltar.
Jaci, piedosamente,
não transformou a inocente Naiá
numa estrela, como ela pedia,
mas, numa miúda semente,
que um bezouro da noite encontrou e plantou.
A semente germinou nas águas
e virou uma flor forte e impoluta,
dentre todas que ali flutuavam.
Maior lírio d´água do planeta,
as folhas fortes, seus suportes,
sustentam o peso de um humano esguio,
alcançando um metro de raio
na superfície de um rio.
Flor amazônica tão bela quanto poderosa,
que tem o condão de mudar de cor
nas noites clareadas pela lua cheia:
ora é sombra branca cremosa,
ora tem sombra branca rosada,
ora se amostra em tom vermelho-arroxeado.
Apenas para comparar,
é a mesma mudança de cor das hortênsias
e dos arbustos camarás,
quando seus solos têm modificado o PH.
Que solo, se se trata aqui de uma planta aquática?!...
Incoerência?...
Ou é a mitologia indígena suplantando a ciência!?...
Os primeiros biólogos que a estudaram,
britânicos, anglicanos, em viagem exploratória,
nobilizaram a bela flor, glorificando sua rainha:
Vitória.
Seja como for, conta-se nos rios a história dessa flor,
sua origem e os mais diversos nomes que ela tomou:
- a mitologia a quis chamar de Vitória de Naiá;
- a botânica registra-a como Vitória Amazônica;
- os súditos vitorianos a bendizem Vitória Régia,
o nome que a biólogia adotou e se popularizou.
Quem sabe, um dia, alguma indígena amazonense
mergulhe em sua própria história e reacenda a lenda.
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Inspirado no texto: A LENDA DE VITÓRIA RÉGIA
De: ELIE MATHIAS
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