ÁRVORE SECA

Por incontáveis primaveras flori.

Por incontáveis verões frutifiquei.

À minha sombra caminhantes repousaram.

Nos meus galhos pássaros se aninharam

E cantaram nas auroras e nos crepúsculos.

Nos anéis da minha madeira seca

Estão gravadas as memórias

Da minha longa vida-presença,

Bem fincada no chão profundo.

Por incontáveis primaveras flori.

Por incontáveis verões frutifiquei

E lancei sementes, extensões de mim,

Para a continuidade da vida,

Muitas brotaram,

Muitas cresceram

E muitas frutificaram.

Na madeira ressequida estão guardadas

As lembranças do dever cumprido.