O mundo e o abismo
O tempo muda em segundos.
Na época em que o nosso território foi descobertos por Cabral
O meio de transporte, “único” , era o navio.
Hoje já se fala até em disco voador.
Temos: moto, carro, avião, etc.
Os escritores escreviam em
máquina de escrever.
Com a chegado do computador
não se fala mais. Virou peça de museu.
Hoje tudo é no celular e o mundo virtual
Assim aconteceu na Região dos Lagos.
As cidades se expandiram
com a chegada de muitos imigrantes
vindo de todos os lugares.
O mundo imobiliária veio à tona.
A propósito, a Indústria ÁLCALIS
fez crescer este contingente.
Com seu atrativo de oferta de emprego.
Hoje sua sedução é a beleza deste lugar,
com seu litoral coberto de belas praias.
Com as salinas ocorreram como a máquina de escrever.
Foi desaparecendo dando lugar:
a casas, Shopping, empresas …
Faz bem lembra que as salinas
se alimentavam da Laguna.
Hoje, castigadas pelas águas vindas
dos grandes condomínios e residências
que a cerca, dando margem à poluição.
O cenário mudou
com a exploração imobiliária.
Com isto nossa Laguna se perdeu
em detritos produzidos pelo homem.
As águas das grandes salmouras
que compõem as salinas
vinham de ti, Laguna.
Que alimentavam as galerias
Para a evaporação das águas
Formando, assim, o sal grosso
Produto a ser refinado
na indústria de sal.
Também com o tempo,
os sonhadores do empreendedorismo
iam no tempo de Deus e
deixavam seus herdeiros
Talvez, com menos garras e amor ao sal.
Quem viveu esta época sabe o cheiro do sal
O valor que ele tem na memória de quem viveu neste tempo.
E, as salinas, com suas belezas arquitetônicas
Estamos sendo devastados
pelo setor imobiliário.
Porém alguns trazem emprego, empresas.
Como será o futuro para nossas crianças.
O sal não é o mesmo
Nem o seu pescado da Laguna
Tudo mudou, em mais ou menos três décadas.
Como acontecia:
Na época do sal, aqui na Região dos Lagos
Poucos sabem que a água do mar
era que alimentava a Laguna
de onde vinham a fonte da extração do sal.
O sol tinia nas quadras de madeira
para evaporação das águas.
Com os dias que passam,
vem surgindo assim o sal grosso.
Não era um trabalho para qualquer um,
posso assim dizer.
Tinha que ter força e resistência.
Poucos aguentavam os carrinhos de madeira,
cheio de sal, para jogar no monte
a mais ou menos 500 m.
Depois os caminhões levavam para fábrica,
para ser refinado.
O carrinho gemia enquanto o sol cantava
Era manhã de tarefas no vai e vem da pá.
Só podia parar no terminar da tarefa do dia,
que o supervisor passava.
O salineiro experiente cantava
E os calouros, sofriam.
Às vezes
no punho no cabo, seguro, e o carrinho cai.
Era hora de respirar sentir a força do sal.
O corpo suado, que na canção, pedia água.
Era hora de parar por um segundo e respira.
Deixar o corpo se recompor.
As mãos finas a engrossar
é aí que o corpo chora.
Dar uns passos para o carrinho levar
Na fé e coragem de um novo desafio
Do morro que crescia, de flocos brancos.
É dia de colheita farta.
O sol, o mar, trazem presente o sal.
Não era um trabalho de estudo
E sim de força bruta.
Na lida,
o corpo chorava.
É hora de ir embora,
de tarefa cumprida.
Quadra vazia e o morro
de sal grosso só crescia.
Na labuta do dia
tem que sentir o corpo chorar.
As vezes, de mãos finas a engrossar.
Sol, mar e ventania: brota sal de rachar
Viva a época da colheita é hora de festejar.
Final do mês que chega
Dia de salário conquistado.
Pode ser homem ou garoto
O que vale agora é um mergulho no mar
e sentir o corpo refrescar
De alma lavada e corpo queimado a suavizar.
Serviço duro, mas honesto.
O que vale o brilho do sol neste imenso mar
É ouro, esta brava gente que trabalha.
E o sol reflete nas águas sua grandeza
Oh, sal… te quero pra mim, vem!
O tempo que passa e a
Laguna que morre leva o sal consigo.
E o futuro… o que esperar?
A criança brinca na inocência
de um mundo novo a conquistar.
Roberto Amorim,
04/05/2023.