A RAINHA FORMIGA

 

Correndo no chão cálido,

A formiga rainha veloz

Passa, num talo verde pálido,

Levada por operárias que a sua voz

 

Obedecem sem pestanejar.

Atrás, dividido em batalhões,

Vem o formigueiro a marchar

Como milhões de soldados anões.

 

Mudam para outro lugar,

Ali já não dá para viver,

O bicho papão veio a mata devastar,

Secou tudo, não há o que comer.

 

Ela quer um lugar sem som

De machado e das vozes gritantes

Dos papões que têm um nefasto dom:

Transformam tudo em pastos gigantes.

 

Vai a rainha apressando as comandadas,

Aprofundando-se na mata densa.

Não serão mais importunadas,

Bicho papão aqui não vem: ela pensa.

 

Maria Hilda de J. Alão