Inferno Verde

Estou nua

Meus olhos se tornam a porta para a tapeçaria da vida,

águas movediças, ilhas temporárias

de sujeira

Traiçoeiras

Estou cercada

Sombras de oceanos voadores lutando contra o calor,

Mãe onipotente, beijada por todos os poderes

De conexão

Entrego-me

O demônio verde guarda a verdade em suas nuvens eternas

Elas cantam e dançam ao som dos tambores do chão

E elas choram, elas sempre choram

Até a fonte

Eu sou humana

Eu amaldiçoo e amaldiçoo

toda e qualquer mão

que derrubou aquela porta

por pedaços de papel colorido

Eu sou tudo

O nós que não fugiu da verdade do ser

O nós que se tornou eles após as rotas do mar

Lábios e olhos que são corpos inteiros

Corpos que tocam a harmonia

E enxergam através do passado

Tornando-se um só

Com o selvagem, as raízes e a seiva.

Marília Galvão
Enviado por Marília Galvão em 26/06/2023
Reeditado em 29/08/2023
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