Gosto do caboclo
Eu sou caboclo e sabe de eu gosto?
Gosto de descascar tucumã e saboreá-lo com café pilado no pilão
Gosto de uiche, piquiá
E cedo no riacho me banhar.
Eu gosto de ir cedo pro roçado
Remando minha canoa
E lá no igapó ficar atoa
Observando o voo dos pássaros
O cará de baixo do mureru
O tucunaré na raiz fazendo carinho desconfiado .
Eu gosto de assar o peixe na beira do rio
Da noite gosto do vento frio
Gosto de caçar tatu, paca cutia
De colocar a malhadeira
E colher o peixe de dia
Gosto de ver o curumim imbiocar no rio
Pulando de cima de um galho de piranheira
Gosto de ver a perna do curumim tuíra
E sentir o cheiro do pitiú
Gosto de descer escorregando na chuva
O porto da beira...
Mas noites quentes de luar
Eu gosto de deitar na rede
Tomando vinho de buriti
Ouvindo meu rádio de pilha
Gosto de bater o dominó
Com o cupadre
Só não gosto de ficar só...
Nas noites escuras
As estrelas ilumina o coração
O caboclo poeta faz verso
Conta prosa, senti emoção.
Nas manhãs chuvosa
O pé tuíra na lama
O caboclo não reclama
Ele senti a energia
Da terra com emoção
Sabe que na terra plantando tudo se dá
E assim segue gostando de cuidar da plantação.