Após Hibernação
Já enfrentei insônia, noites mal dormidas
Já tive pesadelos e inseguranças diurnas
Hoje o sono que sinto é sinal de esperança
É energia ativa, represada em forma de calmaria
A força de vontade é superior ao marasmo
Não tenho mais o vigor de ontem, e nem preciso
Sei que meu potencial chegou ao limite, irrevogável
Os olhos abertos dão espaço aos arrepios na espinha, seres vivos
E meu coração pulsante já não se entrega às mudanças, climáticas
Se estive hibernando, foi por razões ainda desconhecidas, respeito próprio
Não voltarei para a caverna onde esperam me encontrar entregue
Não tenho tempo para aguardar outra estação terminar, refugiado
O inverno chegou ao fim, e a primavera dá as caras ao solo
As cores que vejo desabrochar confirmam que meu espírito renasce
A fera viva em meu estômago, meu âmago, me orienta ao movimento
Tenho fome, tenho sede, tenho ânsia de me expor, de me despir
Busco por águas frias, geladas, que me façam acordar de sonhos profundos
Sigo o curso do rio, perdido e achado a cada curva, e mergulho sem pensar
Os peixes em abundância são alimento para garras afiadas e atentas
A caça começa agora, por novos caminhos, novo destino, desperto, sem penar.