Após Hibernação

Já enfrentei insônia, noites mal dormidas

Já tive pesadelos e inseguranças diurnas

Hoje o sono que sinto é sinal de esperança

É energia ativa, represada em forma de calmaria

A força de vontade é superior ao marasmo

Não tenho mais o vigor de ontem, e nem preciso

Sei que meu potencial chegou ao limite, irrevogável

Os olhos abertos dão espaço aos arrepios na espinha, seres vivos

E meu coração pulsante já não se entrega às mudanças, climáticas

Se estive hibernando, foi por razões ainda desconhecidas, respeito próprio

Não voltarei para a caverna onde esperam me encontrar entregue

Não tenho tempo para aguardar outra estação terminar, refugiado

O inverno chegou ao fim, e a primavera dá as caras ao solo

As cores que vejo desabrochar confirmam que meu espírito renasce

A fera viva em meu estômago, meu âmago, me orienta ao movimento

Tenho fome, tenho sede, tenho ânsia de me expor, de me despir

Busco por águas frias, geladas, que me façam acordar de sonhos profundos

Sigo o curso do rio, perdido e achado a cada curva, e mergulho sem pensar

Os peixes em abundância são alimento para garras afiadas e atentas

A caça começa agora, por novos caminhos, novo destino, desperto, sem penar.

Flavio Marcondes
Enviado por Flavio Marcondes em 27/05/2023
Reeditado em 27/05/2023
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