28.04 dia da Caatinga
Um lugar para nenhuns
Só os poucos e fortes sobrevivem
A caatinga é como um deserto com gravetos
Insólita, ardente, um emaranhado de espinhos
Um ambiente hostil para alguns
Para outros, uma extensão corporal
Alimentada por um sol escaldantes
Arbustos sinuosos
Sou um ser da caatinga,
Conheço suas trilhas, seus caroas, seus gravatas, suas macambiras
E principalmente, seus mandacarus, palmas e cansanção
Cada uma com sua armadura espinhosa, sua defesa natural apontada pra todo lado,
Esse semi-deserto nordestino, insolito, seco, ardente, produz uma beleza impar, para olhos sensíveis
Nem tudo é tristeza, nem tudo é morte,
Entre seus galhos secos, seus troncos mortos, passsam revoadas de borboletas coloridas, dançando num ritimo de Baião Gonzagaguista
Penetrar numa caatinga é como atravessar o saara, precisa calcular o próximo passo, é preciso respirar lentanente, olhar suavemente, sem movimentos bruscos, sentir cada ganho estalando no solado do pé
Não há sombras,
Lagartos, a todo momento correndo de um lado para outro, buscando um esconderijo, fugindo do invasor
No solo quente como fornalha, urubus, aves de rapina e carcaras, as vezes em busca de algo que sucumbiu, talves por fome, talves por sede, entre os espinhos e gravetos disputam a mesma carniça, que ressecada no solo, já não tem mais carne, nem tripas, apenas couro e esqueleto
Essa é a caatinga, uma obra abençoada por Deus, feita para os valentes e fortes.
A caatinga é tão bela, tão singular, como os jardins botânicos com suas bromelias, orquideas e lírios.