AFLORA SENTIMENTOS

 

O sol rasga a vista do horizonte
Em pacífico brilho de sua magnitude…
Cadenciado ondular que em mar bronze,
Excelsa beleza nas ondas da virtude!

 

A rocha na ânsia do dia, bebe sedenta do mar,
Firmada num profundo e desigual chão azul …
Cristalizadas águas refletem o planar,
Das majestosas e imperais… Gaivotas do sul!

 

Em imaculadas ondas de branca espuma,
Esbarram-se emoções no beijar às areias…
Conchas que se abrigam na sombra da bruma,
Salpicadas e açoitadas das marés cheias!

 

Marcas fica a velha e dura rocha
Agasalhada no seu perdido tempo…
Moldada pelas maresias, murmura na costa;
Á beira-mar quero dançar, embalada ao vento!

 

Resignada, ali fica aprisionada num sonho
Acorrentada á espuma que em seu torno dança…
Saboreando das ondas azuis, mar que bate risonho,
Hospede de um velho penedo que ali descansa.

 

Abriga no teto do seu portal, lembranças,
Queixas e desabafos de solitários pescadores …
Empresta sombra a homens, mulheres e crianças
Guarda secretos segredos… Salpicos de amores!

 

Firme e ancorada em salgadas visões
Fixa olhares às estrelas que lá moram distantes…
Furta o luar á lua em noites de constelações,
Banhadas pelas caudas das sereias amantes.

 

Abres asas à imaginação, a quem por ti passa,
E alagas em mim, saudades que por ti sinto…
Revestes de magia na fina areia descalça,
Protuberante rocha… Que aflora em mim!