COMO A LUA
Há noites cansativas
que parecem nunca acabar.
Noites essas que são carregadas de tristezas,
dores e angústias.
Nenhuma dor se compara as dores da lua!
Existem noites que desabamos por dentro
e não contamos para ninguém
com medo do julgamento,
da rejeição dos demais
Nenhum medo se compara aos medos da lua!
Tem noites que olhamos para a janela escura
em busca de uma luz no fim do horizonte,
mas esta luz não aparece.
Enchemo-nos de desilusão e melancolia.
Nenhuma melancolia se compara
com a melancolia da lua!
Tem noites que sentimos o vento frio do outono
bater em nossos tornozelos;
porém, temos que seguir em frente.
Perante a demasia sentimental e o obscuro pavor,
sendo guiados pela luz da própria lua,
em direção a uma velha amiga,
pálida, feita de ossos,
com um manto preto reconfortante,
com asas brancas definhadas
e, com ela, percebemos
que a lua não é a razão de toda tristeza;
Que o escuro não é o motivo de toda maldade
e, que a morte tem o trabalho mais nobre,
de guiar as almas confusas aos seus devidos lugares,
O dever de receber o ódio, sem motivo -
por crimes não cometidos;
de complementar o real sentido da criação
e a existência da vida,
pois um sem o outro não existe.
Unidos como a arte e a vida,
mas nenhuma morte, nenhuma vida, e nenhuma arte,
comparam-se com as da lua!