REVOLTOSA NATUREZA
A natureza solta a sua voz, gritante,
Acima: trovões, abaixo: terremotos.
Clarões no céu em relampejar constante,
Nos mares: agitos, tufões... Maremotos.
Chuvas torrenciais e vendavais incessantes
Assombram a todos: ateus e devotos.
Nobres e súditos em grande sofrimento,
Todos perecem, alí são iguais.
A morte ronda com dor e lamento
Trazendo pavor e tristeza e os "ais".
Tormentas nos mares, na terra tormento,
E dos ares, das nuvens, descem águas mais.
Numa pausa o sol vem com timidez,
Se esconde, e retorna o voraz martírio.
À noite o luar é sem lucidez,
E as noites parecem ser mais um delírio.
A natureza numa fúria, com avidez,
Traz frio e escombros, sem luz nem "colírio".
E cobra, a natureza, de vez o seu preço
Por ser continuamente afrontada e ferida.
A insana ganância de homens sem apreço
Por aquela que é o sustentáculo da vida,
Torram matas, poluem rios, o mundo é avesso,
Num sem freio, flora e fauna são destruídas.
A febre do ouro e o seu negro homônimo
No mar e na terra, nos vales e serras,
E também o extremismo, um fiel sinônimo,
De povos exaltados entrarem em guerras,
Trazendo o caos, o que não é fenômeno,
Destruindo a natureza, em suas terras.
Às vezes, porém, se inverte o castigo,
Vão-se as nuvens, o sol é abrasador.
Onde antes, na sombra, fartura e abrigo
Se transformam em árido cenário de dor.
A natureza em revolta mostra-se perigo
Para todos, do justo ao mais devedor.