Quadras de mar
QUADRAS DE MAR
Ao Atlântico obedeço
Como servo subserviente,
Tanta beleza não mereço,
Dádiva para ateus e crentes.
Tantas cores ele ostenta,
Mutante como camaleão
Enfeitiçando peitos, olhos
Descompassando o coração.
Quando vejo sol desmergulhar
A emoção me manda sorrir,
Não acho palavras pra narrar;
Ouço Deus falar: estou aqui.
Quando sol fica mais quente
Eu não me convenço a sair,
A euforia tão presente
Mandando: continue aqui.
Agora o sol já se deita
E eu ainda a contemplar,
Notando a melhor receita
Para tempo não acelerar.
Movimentos, aromas e sons
Obrigando-me a escrever,
Mandando que eu nunca pare,
Há muito ainda a dizer.
Escuro que banha as águas
Procura em vão entristecer
O mar que afoga as mágoas
Não se rende ao entardecer.
Peito do poeta serviçal
Expôs o que coração ditou,
O fascínio que nele manda
E a poesia editou.