Coruja
I
A coruja planando o lago
Que calmo, silenciosas águas
São banhadas pelo luar.
Sua imagem, a esbelta ave
Não produz sombra, só seu canto
Num canto do mato João ouvira.
Não corras, por favor, meu amigo
Não alarme o povo que dormita
Tranquilos nesta noite em casa...
Sem ter visto o bicho na noite.
O que seria dela, aos prantos
Que sutil alça voo por aí?
Não vês, incauto irresponsável
Que ela canta só pr’a ti?
II
O encarar de uma coruja,
Como quem diz: Tens dez segundos, homem
Para dar no pé daqui.
Frio teu olhar, amiga triste
Rainha do dia e da noite
Espírito leve e vagante.
Em postes ereta com teu par
E teus filhotes no alto ou no chão
Serão guardiões da mata que circunda.
Quem já viu teus olhos amarelos
Teu pescoço maleável, estratégico
Não só se assusta como foge.
Mas eu não me assusto não!
Sinto-me honrado em vê-la
Caçando roedores e insetos.
Quero protegê-la,
Mas sei que, misteriosa
És autossuficiente, és Deusa.