PINGOS

Terra morta, encrustada na beira da estrada,

poeira e pó,

casca e raiz,

sem cor, sombra, prazer e lágrimas

fundida entre o tempo e o destino final,

mandacaru sem espinho,

buraco sem tatu,

rastro sem pegada

ninho sem passarinho,

nuvem sem céu,

estrada sem caminho.

Só há um lamento,

a se desejar,

um pingo de água

descendo do ar,

batendo no chão,

nascendo uma flor.

de pingo em pingo,

o sertão vira mar.

O seco desaparece,

a raiz fortalece,

cada pingo caido,

nasce uma flor,

o mandacaru tem espinho,

o buraco tem tatu,

os rastro deixam marcas,

os ninhos com passarinhos,

de pingo em pingo,

a vida continua....