Jurema-angico: O amuleto do amor
Sou juremeira nordestina! Sim, Sinhô!
Abençoada por meu velho Pai Nagô
Sou curandeira e minha erva dá “fulô”
E “cerveja preta” pr’o embalo do agogô
Sou "espinheira", se quiser, “jurema-angico”
Eu visto preto mas também ostento o branco
Me junto às águas do grandioso Velho Chico
Curo a canseira, o desgosto e o "quebranto".
Sou alucinógena, entorpecente e curativa
Se me transformo no licor catimbozeiro...
É da Umbanda a minha receita primitiva
Também das tribos do Nordeste brasileiro
Sou juremeira nordestina! Sim, Sinhô!
Abençoada por meu velho pai nagô
Sou curandeira e minha erva dá fulô
E “cerveja preta” pr’o embalo do agogô
Fui condenada sob o rigor da Inquisição
Por ser empregada nos rituais de catimbós
Meu Pai Oxóssi me deu a sua proteção
E em Sergipe a sábia tribo dos Xocós.
Em Alagoas também tenho meus irmãos
O povo guerreiro da antiga aldeia Kiriri
Me protegem com as suas próprias mãos
Como o fazem com a palmeira Guriri.
Em Pernambuco, vivo entre o povo Xucuru
Os guardiões do meu legado medicinal
A minha seiva afasta o mal do juru
E a sombra fresca é um retiro espiritual
Sou juremeira nordestina! Sim, Sinhô!
Abençoada por meu velho pai nagô
Sou curandeira e minha erva dá fulô
E “cerveja preta” pr’o embalo do agogô
Disse Alencar que o valente Tabajara
Também tombou ante a “bebida de Tupã”
Da Juremeira o vinho doce que preparara
As mãos bondosas da mais bela cunhã.
Que para salvar o seu amado estrangeiro
Dum ritual de sofrimento desumano
Pois do seu povo se tornara prisioneiro
Nas montanhas do litoral paraibano
Arriscou-se a ser a vítima do guerreiro
Ajudando o seu amado a ir embora
O amor mostrou o quanto é soberano
Seu amuleto foi a “Mimosa tenuiflora”
Sou juremeira nordestina! Sim, Sinhô!
Abençoada por meu velho pai nagô
Sou curandeira e minha erva dá fulô
E “cerveja preta” pr’o embalo do agogô.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jurema_(%C3%A1rvore)