Ventania
O movimento do ar
O movimento do mar
Tirania, rebeldia, terapia
O barulho do vento
O som invisível do tempo
Janelas abertas, portas batendo
Árvores agitadas
Folhas espalhadas
Em silêncio, observo detalhes
O tilintar do sino dos ventos
O assobio entre as frestas das portas, das janelas
Objetos caídos rolando no chão
A grama e o mato dançando no quintal
Os passarinhos em deslocamento no céu
Fecho os olhos e sinto a brisa
Sinto a força do ar encontrando meu corpo
Sinto o atrito do ar afagando minha pele
Desgarrado tento não me deixar levar
Fixo os pés e abro os braços
E passo a pertencer ao vento
Os cabelos voados soltos
As roupas largas arrebatadas
O alvoroço das direções indecisas
A algazarra da atmosfera em camadas
Envolto em ar, envolto em vento
Não me movimento, nem em pensamento
Vivo a música do momento
Encantado pela natureza ao redor
Imerso em meus próprios ares, meus vapores
Respiro, inspiro e me entrego
Ao liquefeito ato de experienciar as correntes em mim
Circulação atmosférica, pressão em minhas veias
Solavanco em meu peito, a cada batida
Um coração sendo levado por aí
Puro instinto, pura energia
Um coração cheio de vento
Um sopro cardíaco
Um sopro e só.