Um canto acolá
Preciso de um canto acolá
Onde eu possa apenas ser
Na singeleza da existência, mero espectador
Um canto apaziguado pelo assobio dos pássaros
Do despontar do sol ao anoitecer
Na ressignificação da vida, um sonhador
Um canto com cheiro de terra molhada
Onde eu possa criar raízes
Eu que fatigada da liberdade de ir, me permita, então, ficar
Um canto singelo no pedaço da imensidão
Onde eu perceba o quanto sou pequena
E cheia de mim, possa, enfim, transbordar
Um canto longe dos muros altos
Do barulho escandaloso do tempo
Que corre apressado na rua
Um canto em algum lugar secreto
Sem a interferência do ego
Onde minha alma possa ser, completamente, nua.