Ao Caos Que Me Habita
Você é minha vergonha, minha balbúrdia interior
É a parte de mim que não quero que ninguém veja
Por isso te camuflo com sorrisos amarelos e cigarros de marca duvidosa
Uma hora ou outra sou obrigada a dizer aos meus, "calma, hoje não, ele está aqui"
E ao acordar de madrugada, quase sinto tua respiração, sobre minha cabeça, em indagação "e agora, tem alguém te vendo?"
Infelizmente, não
Você é a razão das minhas notas sempre baixas, das minhas surras merecidas, do salgado em minhas lágrimas
É o motivo de viver sempre à beira
De um vício, uma explosão, um colapso
Por tua causa não sou frágil, nem sensível e sorrio de coisas que não deveria
Por tua causa apanhei e não morri e hoje tento não bater
As vezes penso em te matar de uma forma tão cruel, que eu sei que deveria
Religião ou sei lá, terapia
Mas você me pergunta e eu realmente acredito:
Sem você, quem eu seria?