Ao Caos Que Me Habita

Você é minha vergonha, minha balbúrdia interior

É a parte de mim que não quero que ninguém veja

Por isso te camuflo com sorrisos amarelos e cigarros de marca duvidosa

Uma hora ou outra sou obrigada a dizer aos meus, "calma, hoje não, ele está aqui"

E ao acordar de madrugada, quase sinto tua respiração, sobre minha cabeça, em indagação "e agora, tem alguém te vendo?"

Infelizmente, não

Você é a razão das minhas notas sempre baixas, das minhas surras merecidas, do salgado em minhas lágrimas

É o motivo de viver sempre à beira

De um vício, uma explosão, um colapso

Por tua causa não sou frágil, nem sensível e sorrio de coisas que não deveria

Por tua causa apanhei e não morri e hoje tento não bater

As vezes penso em te matar de uma forma tão cruel, que eu sei que deveria

Religião ou sei lá, terapia

Mas você me pergunta e eu realmente acredito:

Sem você, quem eu seria?

Lidia Lorena
Enviado por Lidia Lorena em 29/09/2022
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