Em um balé transparente, translúcido, feliz
Caem as gotas, lá do alto, de cima das nuvens
Puras, límpidas, parecendo um sobrepeliz
Molham a alma e secam as lágrimas dos homens
Ninam os quartos, acalmam, seduzem, relaxam
Os rios que descem do céu, se arrastam nas telhas
Nos guardam em tons e seus sons se encaixam
Afinados por Deus com as suas cravelhas
Para as crianças, poucos pingos e já é brincadeira
Os adultos a esperam com muita preocupação
Sua força remove mares e cachoeiras
Cria formas na terra feito uma canção
E saber, quase sempre, que ela vem e se esconde
Vai pra a terra, pra debaixo, pra depois desaguar
Se ampara da queda pelo topo do fronde
Já flertando com o sol, carregada no ar