Saudade

Saudade.

Essa saudade que consome as entranhas, que dilacera os pensamentos; não a de antepassados que partiram, não a de politicos que perderam o poder, também não dos valorosos professores dos primeiros anos de escola primaria, minha saudade é mais profunda, é uma saudade de vida alheias, de movimentos alheios, de sons alheios. Quantos anos ou decadas não vejo cobras rastejando nas veredas, cruzando as estradas vicinais, também desapareceram os sábias, ou tatus, os preas, nunca mais escutei o canto encantador do singelo bem-te-vi, nem a revoada das andorinhas nos caldeirões do tanque das pedras, saudade do preto e branco do teiu, um espetáculo de cores no sentido singilar; cadê os vôos repentino e assustadores das codornas e das nambus, partindo do solo, pricimo a nosso calcanhar, saudade do cheiro do alecrim selvagem que isala no meio do mato, nas fechadas trilhas das pedaladas, até o barulho borbulhante das águas cristalina, causada por uma chuva fina descendo de pequenas nuvens e alimentando pequenos córregos cavados nas beiras das estradas, por homens que acreditam no futuro melhor. Saudade do encantador orvario sobre ás relvas num emaranhado de milhões de goticulas que remete a teias de aranhas, e a longínqua e alva neve dos andes suíço, do voar de milhares ou até centenas, quiçá dezenas de borboletas, cruzando em todas as direções, em desconexão com o.movimento dos ventos, pairando em nossa cabeça, pousando algumas vezes em nossos ombros, das trilhas traçar por formigas cortadeiras, isalando cheiro, marcando a terra como o arado que corta o solo, saudade do arco iris no infinito e longínquo horizonte, quebrando a naturalidade cideral do cinza, branco e azul que predominam no infinito espaço.

Saudade não é para qualquer um, é para todos!

Diogenes Oliveira