Enleio
Conheço, só de ouvir dizer, da formosura da graúna
Sua pelagem, uniformemente e lindamente, escura
(...de ouvir, de pesquisar e de ler...)
Porém bastou-me pra saber, tratar-se de uma ave fenomenal
Que canta deveras e como ninguém, doce e melosamente
E como canta, encanta e nidifica, essa bela passarinha!
Ainda não percorri por aí, acolá, desbravando muitas praias
Nem mergulhei no fundo de todos os atóis, mares e oceanos
(Mas, sei que são, todos deslumbrantes...)
E que, assim como têm de belezas expostas sobre seus níveis
Lá no âmago do seu imo escondido, privilegiado e estonteante
Lá abrolham belezas fantásticas, sem fim e sem par!
Apesar de adorar toda, absolutamente, toda natureza
Sequer fui ter segredos com os ventos, dos morros distantes
(Até que ouvi seus intensos e ‘rebuliçantes’ assovios)
Pensei até que queriam me cochichar algo-vai se saber, se não...
Dado a incisão e a insistência, por vezes, de seus tétricos “uivos”
Sentia, que alguma coisa séria e urgente, queriam me contar!
Nunca precisei estar lá, nos recônditos santos, porém inóspitos do sol
Tampouco quis medir para atestar ou duvidar de seu vigor
(A não ser em fulgidos sonhos...)
Pra ser sincero, apenas sentir na pele, suando...
Sua providencial magnitude, pujança e ardentia
Como se abrindo poros e drenando pra fora, o mau do mal querer!
Nem mesmo no quarto, de todas as luas...
Careci me abrigar, repousar e me espreguiçar, um dia
(Ah, pra se franco, estive por lá sim, em vários sonhos hígidos ...)
Pra brincar feito um menino deslumbrado, dentro de si, percorrendo
A vislumbrar boquiaberto, o quão ela é sem igual, tão divinal e única!
Jamais necessitei esticar meus braços, nem tocar com minhas mãos
Estrelas, nuvens, asteroides ou planetas, descobertos ou insuetos
(É claro... Senão, na profundez de uma letargia reconfortante
Agradável, silenciosa, mística e auspiciosa, vivi...)
Aí sim, deixe-me ir além, viajando afora o tempo
Vendo nitidamente, sem me mover, Quem Tudo, nos Fez!