Geada
Geada (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)
O mês de junho finaliza
Na última tarde do mês.
O céu não tem nuvem alguma
E a névoa parece espuma.
O casal de pássaros voa apressado
Indo direto para o ninho.
O sol ainda reflete o pouco brilho,
Pois partículas de ferro brilham na montanha
Fazendo a linda cor laranjada.
O vento sopra calmamente
Trazendo a massa polar.
Aos poucos a cor prateada toma conta do céu
Dizendo que o frio será forte.
O lavrador recua cedo
Indo direto para a casa.
Lá, após o banho quente,
Procura pelo jantar e ao fogão à lenha fica sentado.
Na cidade as pessoas
Correrem desesperadas para o lar.
Banho, sopa, chocolate,
Tudo no devido lugar.
A criança recém-nascida chora
Olhando para a mãe que a consola.
O ônibus de estudantes parte para a escola
Na outra cidade...
Estudantes estão de capuz
E também de luvas.
A tarde vai embora
Pois algumas estrelas surgem na imensidão.
A lua não apareceu,
Mas virá na próxima semana.
A massa de ar frio vai intensificando
A ponto de as mãos ficarem dormentes.
O vento gelado começa a soprar
Trazendo, com ele, o máximo frio.
A noite vai caminhando...
No pote, a água está mais fria,
Desce queimando a garganta quente.
A vovó corre espertinha da sala para o quarto,
Porque está frio e vai-se deitar.
A noite se estende pela madrugada.
O retireiro de leite levanta cedo,
Não põe luva, porque não pode.
Ao respirar sai vapor de sua boca,
Igual a cano de descarga de automóvel.
A manhã começa a clarear
Lá no alto da serra.
No capim, seco,
A camada de gelo está.
São muitas, muitas.
Na várzea, próxima ao rio,
Subindo até o topo da montanha.
Não perdoou nem mesmo o cafezal verde.
Torrou as folhas como fogo ardente.
O capim secou
E a lavoura, a geada matou.
O gado não quis sair para pastar,
Porque ali, um raio de sol achou.
Breve será o mês de julho,
Também o mês de agosto.
Setembro começa a primavera,
A chuva virá forte.
A relva será recuperada...
O café ficará verde,
O capim até brilhará.
As flores serão lindas,
Para as tardes findas.