Desfolhas...
Sou eu, nessa minha vida, breve e pouca
Ser viva, ativa, auspiciosa, infante e verdejante
Teimosa ajudante, a enfeitar veredas.
Atada, e resiliente em beiradas
Afixada em pontas de ramas
Costeando galhadas frondosas
Coadjuvando lindos buquês
Dedicados, a damas formosas!
Esvaindo-se vou, também aos poucos, rajando
Entremeando-me, nos findos momentos
Resignada ao que há de vir
Seja lá o que for...
Ao vigor e a languidez
Ao ardor e a lassidão,
E como mirrada guerreira
Enfraquecendo, cada mais, mas resistindo...
Companheira de espinhos e belas enfloras
A espera da passagem de áuricos ventos
Assim concordei, ser, estar; e viver!
Assemelhado a minha, a sina dos pedregulhos
A rolarem soltas, estiradas ao chão
Se agastando e perdendo arestas pelos caminhos
Virando fiapos, pó e desprendimentos
Acumulando, por encostas e nascentes
Dançando e descendo em redemoinhos
Apalpadas, acariciadas por mãos
Rodopiando com gravetos nas águas
Fazendo suspirar a dor de quem mantem, um coração!
Nasço, vivo e me vou pra ser eterna, e eterna servidão
A adubar e estercar, longínquas picadas.
E como missão e mote, ajudar a recriar o sentido real da vida.
Partirei... Tudo bem, que Jamais voltarei a ser quem já fui
Porém, por milagre Divino e Sua Mister Vontade
Vou com certeza, voltar nas mais variadas formas
Assumindo a imponência e a postura daquilo
Que Deus designou, e reservou pra mim...