Paisagens...

Caminhei pela manha, estava fresco, melhor, estava frio, ainda assim subi pela montanha.

Ao fim de algumas centenas de metros deparei com uma belíssima raposa, um macho , acho eu, encarou-me e esgueirou-se sem pressas na floresta. Subi pelas escarpas , a pique, meus sapatos não aderiam e escorregava constantemente, por entre troncos caídos pelos vendavais, alguns já podres de há tantos anos estarem ali tombados, encontro um trilho, e continuo a serpentear pela montanha acima. Aparecem umas nuvens tenebrosas anunciando uma chuvada , fica escuro , o ribombar dos trovoes ecoa pela montanha e pelos vales. Penso eu, vou apanhar uma destas molhas , mas não, além de escuro ,pois é uma floresta cerrada, e a temperatura descer uns 6 ou 8 graus, os relâmpagos por vezes iluminam todo aquele espaço, subo e continuo a subir, agarro um pau para me servir de amparo pois a inclinação se torna mais acentuada e lá vou eu. A trovoada vai se dissipando e a floresta deixa de se tornar tao tenebrosa, tem mais luz. As arvores , algumas centenárias atingem dezenas de metros de altura, imponentes, os sons da floresta me encantam , tem vida , o chilrear de muitos pássaros o som dos veados e corsas na outra encosta, e de vez em quando o grunhir dos javalis. Tudo isto entra nos meus tímpanos como sons novos , tiro o casaco pois o subir com aquela inclinação dificulta o respirar o ar se torna mais rarefeito , o altímetro informa que estou a 1150 mts de altura , já caminho há quase uma hora deixo de ver o horizonte pois a floresta é tao cerada que apenas é visível uma distancia de 50 metros por entre os arbustos e os troncos das variedades de arvores autóctones desta zona , Haute- Savoi, mais acima já encontro uma zona menos arborizada , dá para ver ao longe o Mont-Blanc com seu cumes cobertos de neve, á direita e bem longe avisto o lago de Annecy, com as suas montanhas escarpadas a sul. Cheira a raposa, é cateterístico do seu habitat.

E no meio desta subida como por encanto vejo uma escada encostada a um cedro e um bidão com um sistema esquisito por baixo que depreendo seja para largar algo que tem dentro. Subo a escada , está amarrada com uma corrente , e vejo que está quase cheio de milho., alguém ali vai colocar milho periodicamente e confirmo que por baixo é um sistema que alimentado por uma bateria solta milho através de um sistema rotativo. O chão está rigorosamente limpo e rapado de os animais ali se deslocarem para comer sempre que o sistema funciona. Não mecho em nada , pois é isso que pede umas frases escritas no bidão , sigo montanha acima , e após mais 30 minutos atinjo o cume daquele lado da montanha. Vejo do outo lado umas vacas a pastar e a estrada que certamente vai dar a Cruseilles, respiro o ar fino da montanha e começo a perigosa descida , pois como devem saber descer uma montanha se depara mais escorregadio do que a subida. Mas o que me ficou na retina , sem duvida que não será fácil esquecer, é belíssima paisagem que ali se avistava, creio que dava para ver a uma distancia de aprox. 150 km . E lá cheguei á base da montanha , aos terrenos de feno para os animais que por ali pastoreiam, só que na descida por não encontrar o trilho da subida e por ser mais fácil ir descendo em zigzague para não cair , acabei por ir sair uns 300 mts mais ao lado de onde iniciei. Mas tudo bem , valeu o esforço , agora vou para a minha cozinha devorar um segundo pequeno almoço pois a subida desgastou toda a energia do café da manhã. Foi a seguna vez que subi o monte Saleve-França,1300 mts de altura.