Poesia, a pescaria
Poesia, a pescaria (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)
É fim de semana, quem diria,
Para o rio, uma pescaria.
Lá tem pedra sabão
E pode levar um tombão.
O rio de águas claras,
Ainda ouve o canto das araras.
Voa solitário o gavião
Indo pousar no galho, perto do buracão.
Os mosquitos borrachudos
Que mais parecem vagabundos
Voam, pousam e picam o braço,
Lembrando o tempo do cangaço.
Devagar e com cuidado,
Na pedra, senta o poeta animado.
Lá ele pretende pescar
E nas ideias delirar.
Faz um verso para o peixe,
E algo lhe diz relaxe,
Pois, hoje, o dia é seu.
Breve, a noite será breu.
Põe a vara de pescar sobre a pedra,
Aos poucos ele se arreda.
Na mochila, ao lado, é mês de inverno,
Revira e dela tira o caderno.
Vai escrever a natureza,
Em tudo, na sua beleza.
Esquece a pescaria,
Quem diria,
Mas pesca lindas poesias e estrofes
Que as publicará ou as guardará nos cofres.