Poesia de outono
Folhas no chão,
secas,
rascunhos dos dias que foram...
Marrons de inúmeros tons, traçando as suas linhas do tempo.
Ôh outono chegaste para chacoalhar as árvores, isso soa como uma torre a cair, tudo que um dia nasce está marcado a eternidade dos laços criados em vida.
Os esqueletos úmidos entreabertos das folhas resgatam uma chance de se comunicarem com a natureza, as suas ramificações regozijam na terra a fim de ser um só.
O processo é lento,
doloroso,
crescer dói e o outono nos ensina que uma árvore pode não ter as suas folhas, mas suas raízes estão conectadas com as profundezas da existência.
O outono surge para faxinar os armários, e para organizar é necessário desarrumar emoções,
coisas esquecidas,
na mente,
na gente,
no tempo achado,
no perdido…
Na tentativa de organizar tudo o que estava fora do lugar, a reciclagem é necessária.
Estampando meus tons marrons, anseio dias de paz, esperança cultivada neste período me permite pedir a bênção que permita ser melhor que outrora.
As folhas de outono passam levando as incertezas,
a beleza,
a tristeza,
e o deleite das memórias
que ficaram no ar.