Saudoso Cerrado

Saudoso Cerrado - Marta Souza

O cerrado de antigamente

Era riquíssimo em diversidade:

Lobo guará uivava de um lado

Do outro, a seriema a cantava!

Tucanos voavam livres

Sem medo de pousar,

A mesa era bem farta

De frutos para degustar.

O Tamanduá bandeira

Com sua língua comprida

Enchia o “pandú” de formigas

Sua comida preferida!

O esbelto veado campeiro

Com seu gosto peculiar

Degustava flores de pequi

Sem dispensar o alecrim.

As belas onças pintadas,

Desfilavam beleza e poder

Hoje as poucas que restaram

Escondem-se, acuadas!

Os riachos corriam fartos

De aguas doces, cristalinas,

Hoje mal regam a flora,

Correm tímidos a lamuriar.

As borboletas voam cansadas

Sem terem onde pousar,

As flores que formavam jardins

Não conseguem se sustentar.

Na melancolia dos meus versos

Expresso uma intrínseca dor

Destruíram o meu cerrado

Sem o mínimo de pudor!

Nesse verso sem métrica

Expresso saudosas lembranças

E tristes lamurias!