Beijinho
Beijinho -Marta Souza
Beijinho, maria-sem-vergonha, boa noite, viuva alegre, biscatinha...
Uma espécie de margarida.
Aquela toda lindinha que desfila cores na paleta do artista.
Florzinha radiante, mesmo com ausência de cheiro,
ora ou outra pega emprestado o perfume da dama-da-noite,
também esquecida ao lado da velha porteira.
Sua resiliência a faz poderosa quando na improbabilidade
nasce nas pequenas rachaduras das calçadas desavisadas.
Que beijinho doce!
Tão doce que cativa o mais indiferente fotógrafo,
que logo se rende aos seus encantos
e uma tapera abandonada,
com janelas entre abertas torna-se uma cena perfeita, uma fotografia com cores envelhecidas,
somente elas com cores vivas.
Parece até clichê: flor sempre lembra poesia. Também pudera,
é muita beleza composta com singeleza!
Não é de se estranhar, ao ver nas rústicas mãos do camponês,
um molho de flores ou uma pequena mudinha
Sendo levada para sua doce amada.
Não importa o nome, importa mesmo é observa-las com sensibilidade,
Sentir seu perfume alheio e retratá-la com delicadeza.
Ah! “Que beijinho doce, foi ele que trouxe de looooonge pra mim!”