AMAZÔNIA

Eras antes uma reserva de riquezas naturais.

Densa floresta de intocáveis tipos vegetais.

Onde habitavam inúmeras espécies animais.

As ações desastrosas, as forças das ganâncias desleais

Estupram-te, dilaceram-te. Que vergonha!

Comem tua carne, sugam teu sangue, os birracionais.

Por que te castigam assim, minha Amazônia?

Basta de tanta destruição das mãos cruéis.

Basta da ira dos motosserras inimigos irracionais.

Basta da ira dos tratores infernais e infiéis.

Basta da insensatez, da perversidade, da loucura.

Basta de tanta dor, tanta fúria, tanto desastre,

Basta da mão perversa, que fortemente atua.

Basta do terror dos incêndios. Tanta catástrofe!

A fornalha quente que, muitos seres, devasta.

A fumaça turva e fúnebre que pelo ar se alastra,

É o sinal visível do cortejo funéreo da floresta.

Meu Deus! Meu Deus! Que tristeza! Que horror!

Não sei a razão de tanta dor, tanto terror!

Ações do espírito desumano, cruel e devastador.

Os inconsequentes agem sempre no escuro.

O ronco estridente dos motosserras e tratores,

Comandadas pelas mãos dos torpes devastadores,

Matam árvores seculares, causando horrores,

Infelizmente, pouco resta aos povos do futuro.

A fraqueza das leis e os descasos ambientais,

Nas ações dos organismos governamentais,

Deixam destruir densas árvores florestais,

Clandestinamente, através de atos ilegais.

O desprezo das fronteiras e das áreas ambientais.

Permitem a exploração ilegal das riquezas naturais.

Invadem pelos rios, pelo ar, por terra e pelo mar.

As forças de defesa não conseguem controlar

As atitudes drásticas dos monstros irracionais.

Matam o mogno, o ipê, o cedro, a andiroba, a aroeira,

O pau-ferro, o pau-brasil, o angelim, a imbuia, o jatobá,

A acácia, o angico, o pau-pereira, o araribá, a castanheira,

O guanandi, o jacarandá e outros tipos que existem lá.

Incêndios criminosos destroem árvores e animais silvestres,

Destroem rios, os lagos, fauna e flora e as vidas campestres.

São os atos perversos dos destruidores insensíveis, insensatos,

Mergulhados nas atitudes da profunda ignorância,

E na frieza absurda dos seus atos,

Matam impiedosamente a vida no futuro.

Que infelizmente passarão a viver no escuro,

Mergulhados em climas ardentes como brasas

E nas cinzas decompostas nos ares secos e impuros.

Os zombadores do massacre e do desastre

Nomeiam para gestores, os motosserras.

Os tratores para pelotões de guerra.

O supervisor geral é o fogo ardente,

Que promove a varredura da catástrofe.

Os pobres olhares de adeus, sobreviventes pastam

As últimas folhas verdes no velho pé de oiticica,

Recordarão as vertentes, a floresta, anteriormente ricas.

Agora, árvore desfolhada, sedenta do rio de água inexistente.

Grutas vazias, entristecidas, abandonadas,

Entre rochas, as velhas gargantas ressecadas, antes fluentes,

Tristonhas sem vidas, serão relembradas.

E os olhares do futuro chorarão a ausência

Do verde, das águas, dos peixes e outros animais.

Mas, será tarde. Angustiados, sofrerão tarde demais.

Pela falta das riquezas originais, das fontes naturais,

Destruídas pelos antecedentes, que retornarão jamais.

Assustados, os humanos do futuro questionarão:

Por que as estrelas dos céus estão sumidas?

O sol e a lua embaçados, luzes resumidas?

Onde estão as martas verdes e floridas?

As várzeas verdes de águas limpas e coloridas?

Os rios perenes repleto de peixes e outras vidas?

Os lagos calmos do pantanal, as cachoeiras lindas?

Infelizmente, saberão que a devastação comeu.

Podem falar dos herbívoros, das girafas, dos dinossauros,

Dos brontossauros, dos mastodontes, dos cotilossauros.

Falarão dos monstros animais bípedes e quadrúpedes.

Mas, descobrirão finalmente a realidade.

Que os verdadeiros monstros devastadores são eles,

Os tiranossauros humanos, cruéis destruidores da natureza.

E os humanos do futuro perguntarão novamente:

Para onde foram as vidas campestres?

Onde estão os animais silvestres?

Os tatus, as antas, os javalis, os veados,

as sucuris, os jacarés, as onças pintadas.

Os nhambus, os jacus, as pacas, os preás,

as jaçanãs, os socós, as codornizes.

As cotias, as serpentes, as galinhas d’água,

as juritis, os mocós, as onças pardas.

Os tucanos, os papagaios, as patativas,

as corujas, as garças, os paturis, as perdizes.

Entre milhares de outros seres vivos pobres indefesos infelizes.

Nem nos cárceres urbanos, os asilos zoológicos, os encontrarão felizes.

Logo descobrirão que fogo e as caçadas predatórias os comeram:

Falarão dos silvícolas, da força gigante da natureza,

Falarão das ações agrícolas, dos atos de malvadezas,

Falarão das queimadas, destruidoras das belezas,

Falarão dos desastres ambientais, das avarezas.

Viverão, finalmente, o mundo das incertezas.

Enfim, saberão que os verdadeiros monstros, os bichos papões,

São eles, os depredadores irracionais ladrões da natureza.

Lá no futuro, seus descendentes sofrerão.

Lá no futuro, os sobreviventes sentirão

O sufoco das altas temperaturas do espaço sideral,

Procurarão água limpa para beber, mas ela tragicamente sumiu.

Porque a poluição venenosa, nas atitudes desvairadas a poluiu.

Procurarão a sombra de uma árvore e não encontrarão.

Buscarão ar puro para respirar e, asfixiados, muitos morrerão,

Porque o ar quente e poluído destruirá seus pulmões.

Sentirão muita fome e não terão mais alimentos.

Verão que o planeta inteiro será desequilibrado e poluente.

As geleiras se derreterão e causarão grandes enchentes

De águas sujas e impróprias para sanar as sedes das gentes.

Causarão muito prejuízos. Muitos morrerão nas correntes.

O desequilíbrio natural se tornará infinito e será recorrente.

Ora com grandes volumes de água, ora seco demasiadamente.

A estupidez fará a terra ficar seca, infértil e improdutiva.

A floresta desaparecerá. Na terra faltará até árvore arbustiva.

Os rios, os lagos, os córregos ficarão vazios podres e poluídos.

Os peixes e as caças desaparecerão. Serão todos destruídos.

Pessoas sobreviventes, desesperadas chorarão

Lágrimas secas e tardias. Terão as vidas vazias.

Vivendo a triste trajetória. Resgatarão a tristonha memória.

Querem reviver o passado, mas, restará apenas a história.

Desejarão reviver o tempo transcorrido,

Mesmo cientes que jamais retornará.

Por isso, ficarão aflitos e culparão seus antecedentes,

Muitos não resistirão e morrerão, e outros ficarão doentes.

Tudo por causa das ações desordenadas de delinquentes,

Mergulhadas na profunda insensatez de suas mentes.

As descobertas não darão conta das doenças e das mortes.

A ciência sofrerá queda e será esquecida e sem suportes.

Os povos do futuro, assustados e desconexos,

Ficarão inertes, apavorados e perplexos,

Tudo isto acontecerá por causa dos reflexos,

Da Ganância e da imensa e desastrosa estupidez.

Por isso, seus sucessores pagarão a falta de fluidez,

A falta de amor e respeito com a natureza,

A falta de visão futura e de compreensão.

As consequências da ignorância e da destruição,

Custará o preço das inconsequências e da insensatez.

E O MUNDO SERÁ TRISTE E MUITO COMPLEXO.

 

GOMES FARIAS, Antonio OnofreGF,

em O PERSEVERANTE E OUTROS POEMAS,

páginas 203 a 208,

Editora Autografia, Rio de Janeiro, 2021.

Antônio OnofreGF
Enviado por Antônio OnofreGF em 12/03/2022
Código do texto: T7471166
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