Reflexos Da Noite

O soluçar das águas descendo as cascatas, ao pôr do sol,

Que se apagam levemente, aos coaxares das rãs, dos sapos,

Moradores dos brejos e valas do lugar alagado...

Sentado sobre a ribanceira,

Observo os momentos, nos encantos da natureza,

Preenchendo os vazios, a florescerem na pureza,

Igualando às minhas manhas que se enternecem a esses lamentos,

Mas solando sem motivos, de uma mesma origem,

Tomando arreios, os meus assoberbados sentimentos...

Os grilos entoam as suas cantigas...

Sinto ser o motivo, amigo de mesma ocasião...

Percebo, repentinamente, a lua,

O luar iluminado ao limite de vinha visão...

Águas borbulham, nesse noturno silêncio...

Minha memória voa longe:

São lamentos que carregam, para terras longínquas,

De corações perambulantes, que jogaram suas mágoas,

Assim como a minha solidão de marca presente;

A noite é uma cortina:

Venda o bem e o mal;

Cobre venturas... desventuras;

Irradia a hora dos mistérios;

Esvazia mágoas das mentes;

Assassina intentos polidos;

Faz fundo das lamentações;

É escritório das maldades;

Caverna dos malfeitores;

Um sussurro que leva ao tombo;

Vento que espalha terror...

Mesmo que isso tudo pareça, escabroso:

A noite é o berço dos anjos;

No simples acalanto da vida;

É a hora do merecido repouso;

Das renovações de ideias;

Dos sonhos prometedores;

Da esperança de um novo amanhã;

Doce momento da paixão;

Companheira de viajantes,

Ou que com ela, madrugou;

É a balsa que leva distante,

Quem, do enredo, se embriagou...

Com a solidão e meu caniço, no afã de pescar,

Volto para minha, abençoada, casa...

Não deixo os lamentos baterem asas,

E sobre os perfumes desta noite às claras,

Durmo, neste berço, que do bem me ninou,

À espera de um novo dia, novo belo sol do raiar...

José Corrêa Martins Filho
Enviado por José Corrêa Martins Filho em 20/02/2022
Reeditado em 18/03/2023
Código do texto: T7456823
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