Reflexos Da Noite
O soluçar das águas descendo as cascatas, ao pôr do sol,
Que se apagam levemente, aos coaxares das rãs, dos sapos,
Moradores dos brejos e valas do lugar alagado...
Sentado sobre a ribanceira,
Observo os momentos, nos encantos da natureza,
Preenchendo os vazios, a florescerem na pureza,
Igualando às minhas manhas que se enternecem a esses lamentos,
Mas solando sem motivos, de uma mesma origem,
Tomando arreios, os meus assoberbados sentimentos...
Os grilos entoam as suas cantigas...
Sinto ser o motivo, amigo de mesma ocasião...
Percebo, repentinamente, a lua,
O luar iluminado ao limite de vinha visão...
Águas borbulham, nesse noturno silêncio...
Minha memória voa longe:
São lamentos que carregam, para terras longínquas,
De corações perambulantes, que jogaram suas mágoas,
Assim como a minha solidão de marca presente;
A noite é uma cortina:
Venda o bem e o mal;
Cobre venturas... desventuras;
Irradia a hora dos mistérios;
Esvazia mágoas das mentes;
Assassina intentos polidos;
Faz fundo das lamentações;
É escritório das maldades;
Caverna dos malfeitores;
Um sussurro que leva ao tombo;
Vento que espalha terror...
Mesmo que isso tudo pareça, escabroso:
A noite é o berço dos anjos;
No simples acalanto da vida;
É a hora do merecido repouso;
Das renovações de ideias;
Dos sonhos prometedores;
Da esperança de um novo amanhã;
Doce momento da paixão;
Companheira de viajantes,
Ou que com ela, madrugou;
É a balsa que leva distante,
Quem, do enredo, se embriagou...
Com a solidão e meu caniço, no afã de pescar,
Volto para minha, abençoada, casa...
Não deixo os lamentos baterem asas,
E sobre os perfumes desta noite às claras,
Durmo, neste berço, que do bem me ninou,
À espera de um novo dia, novo belo sol do raiar...