Destino, talvez

Oh carros, tratores, caminhões, carretas colossais dignas de grandes mamíferos.

Oh motos, trens, metrôs;

Novos guepardos, serpentes, minhocas.

Oh aviões, jatos, caças;

Grandes pássaros, aves de rapina.

Oh grande fauna metálica rangendo, zunindo, girando, voando...

QUASE VIVA!

Oh postes que florescem toda noite,

Semáforos que florescem de minuto a minuto.

Oh casas arbustivas, daninhas, a se multiplicarem e crescerem velozmente.

Oh prédios de várias formas e tamanhos bem enraizados no chão;

Abrigo e sustentáculo da vida moderna.

Oh flora de concreto e aço que é na verdade fruto.

Oh Homens perfumados, vestidos com excesso, elegantes.

Oh shopping centers de todas as futilidades,

Desnecessariedades adquiridas, incorporadas e então:

Indispensáveis!

Oh supermercados com todos os biomas onde se caça com dinheiro a carne já morta,

Onde se coletam os vegetais já colhidos,

Onde o fruto da indústria humana, em belas cascas, atordoa os paladares.

!!!

Ahhhh viver,

Pelo prazer, pelo poder...

Sobreviver já parece pouco.

Ahhhhhhh modernidade,

Meios substituídos, fins substituídos;

Vida outra, Homem outro.

— Cadê o Homem que estava aqui?!

...

Mas não me mandem para selva caçar e sobreviver;

Não me mandem para o campo produzir e ver crescer.

Não me coloquem agora aonde talvez deveria ter nascido e onde deveria estar.

Não reclamo o que sou, mas o que poderia ter sido,

O que talvez nasci para ser e já não posso.

Eu e tu, meu caro.

David Ariru
Enviado por David Ariru em 12/01/2022
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