temporal

os pássaros voam em direção ao leste

a ventania tira a rotina do lugar

assopra com toda a força para anunciar

o temporal

 

as luzes dos postes estão acesas

trovoadas, relâmpagos,

pingos de chuva molham os telhados,

calçadas, asfaltos,

os desprevenidos,

também as roupas deixadas no varal

 

os pensamentos fluem na direção do vento

e embora ele mude sempre a rota

nunca perde de vista o seu propósito

 

fazia muito calor

e amanhã voltará a fazer

estamos em janeiro

temos pela frente o ano inteiro

 

quando o sol volta a aparecer

mas ainda chove fraquinho

os olhos perdem-se no arco-íris

à procura pelo potinho de ouro

e então ele desaparece

no horizonte

onde nuvens formam ilustrações

 

quando aproximar-se o ocaso

a aquarela celeste a encantará

nuances de ternura

o sol se recolhe atrás dos prédios

 

todo tempo do mundo é pouco

para quem por um amor espera

um dia mais

outro menos

 

a chuva a surpreendeu

caminhava pela calçada

o pensamento distante

os pingos de chuva

tocam o topo da cabeça

ela ri de si mesma

despe-se do medo

e brinca nas poças

se fosse flor e não gente

seria solstício

e coloriria as avenidas

com todas as cores do amor

 

os pássaros batem as asas

bandos em revoada

seguem alvoroçados para o leste

o sol seca as poças na calçada

pudera explicar tanta beleza

sem padecer ao óbvio

na contemplação da natureza

escuta a voz do coração.

 

01/01/2022

 

N/A: Feliz Ano-Novo a todos os amigos recantistas. A ideia para o poema veio ainda de madrugada, mas só depois pude trabalhar com mais calma. Espero que gostem!

N/A 2: A imagem é de minha autoria. 

Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 01/01/2022
Reeditado em 07/01/2022
Código do texto: T7419701
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