IGARAPÉ / IGARAPÉ.

IGARAPÉ. Corrente de água que mal cobre as pernas,

Tuneis de arvores centenárias que dobram em sombras.

Das copas seres olham quem passa nas tuas águas,

Em canoas empurradas a cada, das remadas.

Remadas cadenciadas, para dar tempo de olhar,

Ao navegante te cheirar e se molhar,

Cortando com as mãos tuas águas frias,

Admiradas por serem cristalinas.

Cristalinas, frias, hipnotizantes,

Amados, perigosamente escondes,

Nas tronqueiras de tuas arvores,

Perigosos e fatais seres.

Uns escamosos de aparências horríveis,

Com carapaça dura, outros eletrizados,

Todos saborosos moqueados, fritos ou cozidos.

São apreciáveis.

No porto, a tabua de bater roupas

Metros fora, a cacimba, formada nas raízes,

Com galhos e tabatinga, suas três paredes.

Protegendo-a das enxurradas.

A água que cai para correr,

Desviada nas paredes de pé,

Em tua direção continua a descer,

Passando ser IGARAPÉ.

*DOMINGOS INÁCIO.

DOMINGOS INÁCIO
Enviado por DOMINGOS INÁCIO em 27/12/2021
Código do texto: T7415940
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