IGARAPÉ / IGARAPÉ.
IGARAPÉ. Corrente de água que mal cobre as pernas,
Tuneis de arvores centenárias que dobram em sombras.
Das copas seres olham quem passa nas tuas águas,
Em canoas empurradas a cada, das remadas.
Remadas cadenciadas, para dar tempo de olhar,
Ao navegante te cheirar e se molhar,
Cortando com as mãos tuas águas frias,
Admiradas por serem cristalinas.
Cristalinas, frias, hipnotizantes,
Amados, perigosamente escondes,
Nas tronqueiras de tuas arvores,
Perigosos e fatais seres.
Uns escamosos de aparências horríveis,
Com carapaça dura, outros eletrizados,
Todos saborosos moqueados, fritos ou cozidos.
São apreciáveis.
No porto, a tabua de bater roupas
Metros fora, a cacimba, formada nas raízes,
Com galhos e tabatinga, suas três paredes.
Protegendo-a das enxurradas.
A água que cai para correr,
Desviada nas paredes de pé,
Em tua direção continua a descer,
Passando ser IGARAPÉ.
*DOMINGOS INÁCIO.