Um poema bem passarinho

Confesso que bisbilhotava.

Sentada na varanda

fingia não perceber

a movimentação e o rebuliço.

Era tititi para lá,

cantoria ali,

frenesi para todos os lados.

Conversavam alto

e não faziam questão de esconder,

conversavam com prazer.

Perceber a melodiosa sinfonia

no despertar dos pássaros

aguçou os sentidos do poeta.

Observava o retorno ao ninho do sabiá laranjeira

trazendo o alimento no bico.

Havia uma prole a alimentar.

O poeta intrometido

explica-se, então, à passarada

em passagem constante na sua varanda interiorana:

bisbilhoto a vida e

tenho gosto em remexer ninhos de palavras de vida.

 

Rogoldoni

26 11 2021

https://rascunhosdarogoldoni.blogspot.com/2021/11/um-poema-bem-passarinho.html

 

 

 

 

 

Rosângela de Souza Goldoni
Enviado por Rosângela de Souza Goldoni em 28/11/2021
Reeditado em 28/11/2021
Código do texto: T7395715
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