Um poema bem passarinho
Confesso que bisbilhotava.
Sentada na varanda
fingia não perceber
a movimentação e o rebuliço.
Era tititi para lá,
cantoria ali,
frenesi para todos os lados.
Conversavam alto
e não faziam questão de esconder,
conversavam com prazer.
Perceber a melodiosa sinfonia
no despertar dos pássaros
aguçou os sentidos do poeta.
Observava o retorno ao ninho do sabiá laranjeira
trazendo o alimento no bico.
Havia uma prole a alimentar.
O poeta intrometido
explica-se, então, à passarada
em passagem constante na sua varanda interiorana:
bisbilhoto a vida e
tenho gosto em remexer ninhos de palavras de vida.
Rogoldoni
26 11 2021
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