Último verso
Último verso (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)
É zero hora
E a madrugada começa.
O homem anda pela rua,
O gato pula o grande muro.
Na casinha ao fundo,
Uma criança chora.
Perto da Igreja,
A polícia ronda
O banco cheio de dinheiro.
O cão late ao longe,
Também outro cão late.
Conversas entre eles.
A coruja pia na imensa árvore,
Está caçando algo para o jantar.
O vento sopra forte
Podendo ser sinal de chuva.
O galo cantou mais uma vez.
Barulho de motor de caminhão
Onde o velho motorista rasga as estradas.
Alguém corre ao hospital
Deverá ser dor de cabeça.
O avião atravessa a cidade
Soltando o grande zunido.
Dois jovens descem pela avenida
E estão vindo da escola.
A jovem termina a leitura do livro
Que o autor desconhecido escreveu.
O poeta ainda está de pé
Tentando escrever o último verso.