INVERNO
INVERNO
O inverno só é triste
na aparência,
como a morte,
cuja tristeza é momentânea.
Há quem sinta
no inverno
uma saudosa alegria,
por lembrar-se
de quem já morreu,
e almeja
o reencontro
espiritual noutra vida.
Há no inverno,
uma tristeza que alimenta
a emoção sombria
que exala das noites e dias frios.
Mas não subtrai
a alegria
da luz espiritual
que se conserva no interior
das grotas úmidas.
Não cabe a ninguém,
portanto,
achar que o inverno
espalha tristeza,
apenas pelo aspecto aparente
de obscuridade,
que lhe predomina
nos dias e noites frias,
seja no interior
dos lares silenciosos,
ou no exterior das ruas desertas.
Todavia, no instante
em que a alma
poética se inspira
para compor esse poema
tão invernoso,
a tristeza se converte em alegria;
nos versos
que se comprazem
com o céu de emoção,
que se derrama
como sonho de chuva
na avalanche de neve
sobre as casas e ruas desertas.
Adilson Fontoura