FIM DE TARDE
Dia e noite,
Vida e morte,
Vida que se renova,
Morte que não é definitiva.
Assim é o final de tarde,
O dia se despedindo,
Com a certeza da volta.
Noite que se anuncia,
Prometendo ser breve.
Metamorfose em deslumbre,
Cores que só os finais de tarde pintam,
Mágica se fazendo em sentidos reais,
Certeza que viver é um privilégio.
Eu devia ter assistido muito mais,
Eu mereceria ter assistido mais,
Só assim a vida teria valido mais,
Só assim eu teria vivido mais poesia.
Omisso quem não as viveu,
Quem não deslumbrou o dia se indo,
A noite chegando devagar, bem devagar,
Omisso que refutou a poesia desenhada no céu,
Quem não parou para assistir o milagre do tempo.
Entendo quem não valoriza o arrebol,
Quem reFuta as nuanças ao seu redor,
Quem entende mera bobagem os finais de tarde,
Do mesmo jeito que entendo a brutalidade cega.
Entendo a ausência de gosto pelo belo,
Mas sinto e essa realidade me entristece,
Eis que me faria mais poeta, mais humano,
Assistindo meus pares todos vivendo mais,
Pelo menos os fins de tarde.