O RELÓGIO DO IPÊ AMARELO

Marcando as horas amareladas do entardecer,

fulgurando no tempo da praça centenária,

o relógio registra o passar das horas e estações

resistindo ao calor abrasador e às monções.

Ao lado de seu companheiro silencioso, mas vivo,

marca as horas da árvore que explode em ouro!

Uma vez a cada ano dá um espetáculo dourado,

muitas vezes não sendo por ninguém, notado!

Um brilho fugaz de amarelo do ipê vivo iridescente,

cuja beleza se perpetua cravado feito rocha na memória,

vivido num instante rápido como a auréola dos anjos,

resplandecendo apenas em poucos instantes,

para sempre marcando de beleza a história!

Oh! Ipê amarelo que a cada ano explode pingentes de ouro!

Que na sua floração fugaz e passageira, mas luminosa,

se mantém ao lado do companheiro que marca o tempo,

registrando tudo tal qual pinheiro que se mantém incólume,

ante as intempéries, pandemias, indiferenças e agouros.

No antigo Vale do Muriaé, agora marcado pelo relógio de Getúlio,

o ipê amarelo como morto durante dias, ressuscita vívido,

tal como as labaredas do Sol que se espargem em dourado,

no compasso das horas brilhando resplandecente e impávido,

tal qual febre amarela, mas que agora, traz bom augúrio.

No Largo do Rosário, ele se manteve incólume,

florescendo a cada estação e em cada entardecer,

arrebatando os olhares dos transeuntes de luxúria amarela,

nas praias da cachoeira repleta de pedras e areia,

donde surgiu uma cidade onde antes só existia aldeia!

Floresça árvore sagrada feita de ouro!

Resplandeça a beleza do porvir no futuro vindouro!

Servindo como um alento para a desesperança de muitos,

fincando suas raízes belíssimas na memória,

tal como um poderoso e firme ancoradouro!

Relógio e ipê amarelo, marcadores do agora, do pretérito e do futuro,

que resistem ás tempestades das construções e do tempo,

continuem embelezando e perpetuando as recordações

de uma história com muito sofrimento, luta, bravura e fé,

para sempre na lembrança de quem é nativo de Muriaé!