Eu contemplo a árvore
Eu contemplo a árvore
Como quem lamenta, e se envergonha
Por ser um humano.
Por precisar roubar o mel das abelhas.
Roubar o leite dos bezerros
Para se alimentar.
Alguém que precisa matar
Para não morrer.
Enquanto a árvore torna ainda mais viva
A terra que lhe sustenta.
Doa alimento, abriga ninhos, e novas vidas.
Enquanto o humano envenena a terra
A água e o ar que respira.
A árvore respira o veneno, e devolve ar puro.
O humano deixa seu rastro de morte
E odor putrefato
Por onde passa.
Asfixia a sua mãe terra.
Aniquila a paz onde chega
Enfeia a paisagem onde permanece.
Enquanto a árvore enfeita com flores
Dá sombra e perfume, onde vive.
O humano se despede da beleza
A cada dia que se vê no espelho.
Enquanto a árvore fica ainda mais bela
Quando envelhece.
Humano... Oh humano...
Onde está a tua superioridade?
Acioly Netto - www.guiadiscover.com