Noite, lua, silêncio.
As leves plumas lânguidas da lua
Polidas, ondulosas e macias
Alisam molemente a longa rua
Em lentos fluxos, alvas harmonias.
Do luar diluído, o morno, e fluido enleio
Embala os ares e o silêncio acolhe
Às suaves expansões do lácteo seio,
Às doces contrações do colo mole.
A noite, enamorada do silêncio,
Susurra ébria trêmulos soluços
Os surdos cantos meandram o eflúvio pênsil
E os tênues lábios roçam-se convulsos.
Adentra a calma ao quarto ; Da janela
A lua alumbra e envolve com ternura
A sonolenta filha, e ao lado dela,
Se deita ao berço, álbida e pura.
Sossego e paz... a placidez levita,
O mudo espaço, magistral, flutua —
E a eternidade, átona infinita,
As leves plumas lânguidas da lua.
Julho 2021