CATAS ALTAS
O SILÊNCIO DAS ROCHAS
Catas Altas
Expostas ao sol, à chuva, aos ventos,
as rochas de Minas
primam pelo silêncio.
Namoram as nuvens
que, há anos, por elas passam.
De cima, suntuosas, nos olham.
Imponentes agulhas
furam o céu.
Poetas inconfidentes
cantaram a dureza dos penhascos,
enquanto escravizados,
nas catas altas,
catavam e separavam as pedras
das gangas brutas
nos serros frios
das Gerais.
No passado,
duros trabalhos nas lavras
extraíam o ouro, o ferro,
a esmeralda, o diamante
que em meio à tortura,
ao corte profundo,
entregariam o minério,
que na travessia continental
rumava para ao mar.
Não existem mais minas?
Minas não há mais?
Por que levaram todo o claro enigma
de Minas Gerais?
NELSON MARZULLO TANGERINI