PAINEIRA
Cresci em uma praça, lá
finquei minhas raízes.
Convivi com muito gente,
Alguns me procuravam
Como abrigo, outros como amigo,
outros com simpatia, alguns com ironia,
uns em sua pausa da correria.
Me adaptei a este lugar,
me enquadrava nas conversas
dos jovens que saiam das escolas,
das senhoras com as sacolas,
das crianças brincalhonas
dos enamorados encantados.
Apesar de não sair do lugar,
Fui de encontro ...E, participei
de histórias que ninguém
sabe contar.
Ouvi segredos, conselhos
xingamentos.
Gostava quando as comadres
se reuniam ao redor de mim
para contar das últimas
fofocas do dia.
Fui morada de muitos
peregrinos e muitos passarinhos.
Era uma troca de vivências a qual eu
Compartilhava minha sombra,
minha seiva, meu ar.
Gostava de colorir o cinza do asfalto
que já nasceu desbotado, coitado!
Fui artista, fui capa de muita revista.
...
Mas um dia, triste dia!
Um vento cortou meu caminho,
passei a ser letal,
arrancaram-me de minha morada.
Estou agora sem meus galhos,
sem minhas flores,
Colorindo o cinza do asfalto
com outras cores.
Em frangalhos, agora o que me resta
são lembranças, sei que ainda tenho vida!
A minha esperança,
é saber que irei renascer
em minhas sementes
plantadas ao entardecer.
Érica Fernanda