PAINEIRA

Cresci em uma praça, lá

finquei minhas raízes.

Convivi com muito gente,

Alguns me procuravam

Como abrigo, outros como amigo,

outros com simpatia, alguns com ironia,

uns em sua pausa da correria.

Me adaptei a este lugar,

me enquadrava nas conversas

dos jovens que saiam das escolas,

das senhoras com as sacolas,

das crianças brincalhonas

dos enamorados encantados.

Apesar de não sair do lugar,

Fui de encontro ...E, participei

de histórias que ninguém

sabe contar.

Ouvi segredos, conselhos

xingamentos.

Gostava quando as comadres

se reuniam ao redor de mim

para contar das últimas

fofocas do dia.

Fui morada de muitos

peregrinos e muitos passarinhos.

Era uma troca de vivências a qual eu

Compartilhava minha sombra,

minha seiva, meu ar.

Gostava de colorir o cinza do asfalto

que já nasceu desbotado, coitado!

Fui artista, fui capa de muita revista.

...

Mas um dia, triste dia!

Um vento cortou meu caminho,

passei a ser letal,

arrancaram-me de minha morada.

Estou agora sem meus galhos,

sem minhas flores,

Colorindo o cinza do asfalto

com outras cores.

Em frangalhos, agora o que me resta

são lembranças, sei que ainda tenho vida!

A minha esperança,

é saber que irei renascer

em minhas sementes

plantadas ao entardecer.

Érica Fernanda

Érica Fernanda
Enviado por Érica Fernanda em 03/06/2021
Reeditado em 03/06/2021
Código do texto: T7270254
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.